Em um dos piores cenários
políticos que já tivemos até hoje, e com o agravamento generalizado da falta de
segurança no Rio de Janeiro, os bairros nobres da cidade estão se tornando uma
prisão domiciliar.
A cada dia, aparece um sistema
novo de segurança mais caro e mais sofisticado. Monitoramento pela internet,
alarmes, rastreadores, produtos de alta tecnologia e vigilância 24
horas, tudo funcionando bem enquanto o cidadão está dentro de casa, mas quando
sai para a rua, nada resolve. Quanto mais sistema de segurança, menos seguro
você está. Antigamente, não havia sistemas de segurança nas residências, e
muitas casas não tinham nem sequer muros.
Acredito que o responsável pela
situação atual do Rio foi o abandono governamental e a falta de apoio
institucional aos profissionais de segurança que trabalham no estado. O que
vivemos atualmente é uma ausência de políticas de segurança pública no Rio de
Janeiro.
O que era bonito não é mais
tão maravilhoso aos olhos dos cariocas.
A disparidade das classes sociais
é um problema que afeta todos os estados brasileiros e o Rio de Janeiro é um
dos estados que tem sofrido muito com essas diferenças. A harmonia acabou.
Já existe uma barreira entre as comunidades e os condomínios sofisticados. Ao
longo dos anos, o relevo do município do Rio de Janeiro se transformou em uma
paisagem com dois lados: de um lado, os prédios luxuosos, bem estruturados, com
ruas bem cuidadas e com sistemas modernos de segurança; do outro, um modelo sem
planejamento, com ruas estreitas e muitas delas sem saídas. Além disso, as casas
nas comunidades de baixa renda são adaptadas para uma possível expansão
vertical baseada no aumento familiar.
Até então, os condomínios fechados
propagavam um estilo de vida seguro com lazer e conforto. Os prédios com os
muros, cercas, câmeras e portões davam aos seus moradores, uma sensação de
segurança. Mas a insegurança se instalou de vez. Os arrastões têm sido
frequentes em bairros nobres do Rio. A cidade se dividiu e o direito de ir e
vir acabou.
Atualmente, existem dois tipos de
condomínios no Rio de Janeiro, os cercados pelos moradores ou os cercados pelo
tráfico. O primeiro tipo é consequência do segundo, uma solução para garantir a
segurança que o governo não garante.
As discursões são muitas, mas o
momento é de reflexão sobre a necessidade de um plano de políticas públicas que
dê condições de moradia, além de acesso a estruturas de saúde e educação plenas
a todos. Enquanto os governos não se engajarem em planejamentos capazes de
reduzir as desigualdades, não haverá solução para falta de segurança.
(Por Luiz Martins)
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