No último domingo, dia 02/09,
o Museu Nacional localizado no Rio de Janeiro foi às cinzas. Por mais que os
governantes tentem justificar tamanha irresponsabilidade, não haverá argumento
capaz de justificar tamanha tragédia, que já tinha sido anunciada por diversas
vezes
Fachada do Museu após o incêndio |
Restauração
de teto e salas do Museu Nacional nunca atraiu incentivadores da Rouanet, assim
como arrumar a fiação elétrica não daria votos. Os governantes estão mais
interessados em filmes quase sempre banais e shows que gastam milhões em
apresentação de um dia, feitos por artistas que não representam nossa
brasilidade, a maioria sequer mora no Brasil.
As estátuas em cima da fachada ficaram como testemunhas da tragédia |
Por
mais que aleguem a falta de dinheiro, atribuir a responsabilidade ao teto de
gastos com a cultura brasileira não se justifica, pois valores envolvidos na
preservação do patrimônio histórico são pequenos diante do que o país
destina a outras áreas. Não há prioridades nos gastos na preservação da
história do Brasil. É para isso que deveria servir dispositivos como a Lei
Rouanet.
A árvore queimada retrata o que restou do incêndio |
Uma
tragédia anunciada.
No
ano de 2004, o engenheiro Wagner Victer, na época secretário estadual de
Energia, Indústria Naval e Petróleo, em uma visita ao Museu, constatou várias
irregularidades nas instalações elétricas, que já se encontravam em estado
deplorável, com risco de pegar fogo a qualquer momento. Governos nunca
atenderam ao seu apelo e o resultado vimos na noite de ontem (02/09).
O Crânio de Luzia não existe mais. |
O
Museu Nacional era o primeiro e o mais importante na história do
Brasil. Especializado em história natural, era o mais antigo centro de
ciência do país. Lá,
encontrava-se parte da história do Brasil como o crânio humano mais antigo das
Américas, o maior meteorito já encontrado no Brasil, a maior coleção
latino-americana de múmias, relíquias de civilizações extintas do continente,
fósseis de dinossauros, ao todo cerca 20 milhões de itens nas áreas de
paleontologia, geologia, etnologia, arqueologia, botânica, zoologia e demais
ciências.
O
Palácio abrigou momentos históricos e decisivos do Brasil Imperial.
Infelizmente, todos consumidos pelas chamas que destruíram o Museu Nacional no
Rio, o mais antigo do país, com 200 anos celebrados em junho de 2018.
Não
há projetos capazes de repôr o que havia no Museu. Não restou 10% do que havia
no Palácio. O meteorito Bendegó foi uma das poucas peças de todo o acervo que
resistiu às chamas. A pedra, que pesa 5,6 toneladas, foi achada em 1784
perto de um riacho no interior da Bahia e levou quase um ano para chegar ao
Rio. O meteorito foi levado para o Museu Nacional a mando do Imperador Dom
Pedro II em 1888 e permaneceu no local desde então.
fósseis de dinossauros não existem mais |
O meteorito Bendegó sobreviveu ao incêndio |
A maior coleção latino-americana de múmias não existe mais |
Museu
Nacional é só mais um episódio.
Está
tragédia abriu os olhos para outros patrimônios históricos que estão sendo
destruídos no Brasil. São Palácios caindo aos pedaços, Fazendas históricas
abandonadas, Estações Ferroviárias destruídas, Museu Ferroviário abandonado,
entre outros patrimônios já perdidos.
É a
história do país sendo queimada literalmente.
(Por Luiz Martins)
2 coment�rios:
Caberia perguntar a quem interessaria a destruição da nossa história como nação?
Ficaria perguntar que nao quer calar: a quem interessaria a destruição gradativa da nossa história como nação?
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