segunda-feira, 14 de julho de 2025

Maravilhosa Cidade do Medo

Uma das cidades mais bonitas do mundo está sendo sufocada pelo medo. O Rio de Janeiro, com suas paisagens deslumbrantes, cultura vibrante e povo acolhedor, hoje convive com uma rotina marcada pela insegurança.

Enquanto políticos se digladiam por cargos e estratégias de poder para os próximos anos, quem está na linha de frente — os policiais — derramam seu suor, seu sangue e muitas vezes perdem a vida no combate diário contra o crime organizado.

Foto: Luiz Martins

O contraste é brutal: de um lado, promessas vazias; do outro, vidas reais sendo interrompidas. E no meio disso tudo, a população, cada vez mais encurralada, vê seus espaços sendo tomados pelo medo.

Bairros tradicionais como Vila Isabel, Tijuca, Méier e tantos outros — conhecidos por sua boemia, suas tardes animadas em bares e restaurantes com música ao vivo — agora vivem com portas fechadas e olhares atentos. Onde antes havia risos e encontros, hoje há silêncio e correria diante de tiroteios repentinos.

Além dos tiroteios, assaltos e barricadas, o caos da insegurança chega agora aos serviços mais básicos. Na “Cidade Maravilhosa”, o crime não apenas ocupa espaços físicos, mas invade também o cotidiano das famílias, controlando o que deveria ser garantido a todos: os serviços essenciais.

Internet, água, gás, luz e até a circulação de caminhões de coleta de lixo — tudo está sendo afetado pela atuação de criminosos que impõem suas próprias regras, como se fossem autoridades paralelas. Em muitas comunidades, moradores são obrigados a negociar com traficantes ou milicianos para conseguir instalar uma rede de internet, consertar um cano estourado ou religar a luz. Quando os serviços públicos tentam entrar, são barrados ou ameaçados. Técnicos de empresas concessionárias trabalham com medo, escoltados ou impedidos de entrar em determinadas áreas.

O Rio está à beira de um colapso silencioso: o básico virou luxo, o direito virou risco. Os criminosos tomaram não só as ruas, mas o controle da vida cotidiana. E enquanto isso, os governantes seguem preocupados com alianças, campanhas e discursos, como se a cidade não estivesse sangrando por dentro.

A população, acuada, tenta sobreviver entre dois mundos: o da beleza que ainda encanta os olhos e o da violência que fere a alma. A Cidade do Medo exige mais do que promessas — exige ação, coragem e compromisso com quem realmente vive e resiste nesse cenário de guerra não declarada.

Porque viver no Rio, hoje, é um ato de resistência.

A cidade coleciona crimes como se colecionasse cartões-postais: assaltos em plena luz do dia, barricadas em ruas antes pacatas, furtos de cabos que deixam comunidades no escuro, e tiroteios diários que ecoam como alertas de que algo está muito errado.

O medo ocupa calçadas, invade janelas, silencia praças. A “Cidade Maravilhosa” continua bela — mas hoje, é também a cidade do medo. E o que se perde a cada dia não é apenas segurança, mas o direito de viver com dignidade, com liberdade e com paz. Por @luizgmartins
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1 coment�rios:

Anônimo disse...

Pura verdade. Não sei onde vão chegar. Por esse motivo me mudei da Cidade Maravilhosa. Hoje vivo em Aacaju em paz. Vivia aterrorizada com tiroteios. Uma pena.

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