É surpreendente ainda ter que se
discutir o racismo que, inquestionavelmente, está enraizado no planeta. Por
aqui não é diferente e dizer o contrário é tentar, inutilmente, camuflar a
realidade. O racismo sempre esteve e está presente em nossa cultura.
Foto: Luiz Martins |
Infelizmente, o fato é que
as sociedades de um modo geral ainda não amadureceram o suficiente para
respeitar o semelhante com a pele de cor diferente. George Floyd reacendeu a
discussão no âmbito mundial, porém não precisaríamos ir tão longe. O
preconceito existe e resiste nessa sociedade contraditória, na qual há
tecnologia de ponta, modernidade e riqueza de informação, mas carência de
consciência e respeito.
Relatado pelo mestre Nelson
Rodrigues, na obra Anjo Negro, o preconceito racial marca a história desse
país. E como nos personagens da obra citada, o ódio em boa parte provocado pelo
preconceito racial e humilhações demasiadas que sofriam levou a mortes brutais.
E isso vem de longa data. No
período colonial, o racismo brasileiro já era explícito, quando o negro foi
tratado como mão-de-obra escrava, visando atender aos anseios e caprichos de
senhores de engenho.
Se relembrar a história já nos
deixa perplexos, nos depararmos com as estatísticas atuais é ainda mais repugnante.
Ironicamente, os negros representam 55% da população brasileira, mas continuam
sendo minoria, seja em oportunidades de emprego, acesso à educação e vida digna
em geral. Maioria eles só atingem no sistema penitenciário, quando são mais de
60% dos mais de 750 mil presos, segundo Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias (Infopen).
A taxa de analfabetismo entre os
negros de 15 anos ou mais, algo em torno de 10%, é superior ao dobro da taxa de
analfabetismo entre os brancos da mesma faixa de idade (3,9%), segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Eles ganham menos do
que os brancos e a taxa de desocupação entre os negros em 2018 foi de 14,1%,
contra 9,5% entre os brancos. Até em relação ao Covid-19, um estudo da PUC-RJ
com base em quase 30 mil casos, mostrou que na combinação de raças e
escolaridade, as realidades desiguais ficaram ainda mais evidentes, com uma
maior porcentagem de óbitos de pretos e pardos, em todos os níveis de
escolaridade.
E tem mais, quase 8 em cada 10
das pessoas assassinadas no Brasil são negras. No parlamento são
sub-representados assim como no alto escalão das empresas. E por aí vai.
Faltaria espaço para descrevemos tanta desigualdade. O racismo está presente e
precisamos, definitivamente, escrevermos novos capítulos dessa história.
Páginas que possam no futuro falar sobre igualdade e respeito que lhes são de
direito.
(Por Marcos Espínola - Advogado e Especialista em Segurança
Pública)
Sugestão de matéria:
Diana Campos (21) 99442-8587
Contextual Comunicação
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