Uma das cidades mais bonitas do mundo está sendo sufocada pelo medo. O Rio de Janeiro, com suas paisagens deslumbrantes, cultura vibrante e povo acolhedor, hoje convive com uma rotina marcada pela insegurança.
Enquanto políticos se digladiam por cargos e estratégias de poder para os próximos anos, quem está na linha de frente — os policiais — derramam seu suor, seu sangue e muitas vezes perdem a vida no combate diário contra o crime organizado.
O contraste é brutal: de um lado, promessas vazias; do outro, vidas reais sendo interrompidas. E no meio disso tudo, a população, cada vez mais encurralada, vê seus espaços sendo tomados pelo medo.
Bairros tradicionais como Vila Isabel, Tijuca, Méier e tantos outros — conhecidos por sua boemia, suas tardes animadas em bares e restaurantes com música ao vivo — agora vivem com portas fechadas e olhares atentos. Onde antes havia risos e encontros, hoje há silêncio e correria diante de tiroteios repentinos.
Além dos tiroteios, assaltos e barricadas, o caos da insegurança chega agora aos serviços mais básicos. Na “Cidade Maravilhosa”, o crime não apenas ocupa espaços físicos, mas invade também o cotidiano das famílias, controlando o que deveria ser garantido a todos: os serviços essenciais.
Internet, água, gás, luz e até a circulação de caminhões de coleta de lixo — tudo está sendo afetado pela atuação de criminosos que impõem suas próprias regras, como se fossem autoridades paralelas. Em muitas comunidades, moradores são obrigados a negociar com traficantes ou milicianos para conseguir instalar uma rede de internet, consertar um cano estourado ou religar a luz. Quando os serviços públicos tentam entrar, são barrados ou ameaçados. Técnicos de empresas concessionárias trabalham com medo, escoltados ou impedidos de entrar em determinadas áreas.
O Rio está à beira de um colapso silencioso: o básico virou luxo, o direito virou risco. Os criminosos tomaram não só as ruas, mas o controle da vida cotidiana. E enquanto isso, os governantes seguem preocupados com alianças, campanhas e discursos, como se a cidade não estivesse sangrando por dentro.
A população, acuada, tenta sobreviver entre dois mundos: o da beleza que ainda encanta os olhos e o da violência que fere a alma. A Cidade do Medo exige mais do que promessas — exige ação, coragem e compromisso com quem realmente vive e resiste nesse cenário de guerra não declarada.
Porque viver no Rio, hoje, é um ato de resistência.
A cidade coleciona crimes como se colecionasse cartões-postais: assaltos em plena luz do dia, barricadas em ruas antes pacatas, furtos de cabos que deixam comunidades no escuro, e tiroteios diários que ecoam como alertas de que algo está muito errado.
O medo ocupa calçadas, invade janelas, silencia praças. A “Cidade Maravilhosa” continua bela — mas hoje, é também a cidade do medo. E o que se perde a cada dia não é apenas segurança, mas o direito de viver com dignidade, com liberdade e com paz. Por @luizgmartins